sábado, 31 de maio de 2008

de Pedro Teotónio Miranda Albuquerque, sobre "Efémeros Vestígios"

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(...) patenteando, em nosso ver, emotividades diversas também, indo de uma temática individualista, inscrita no ego e na paixão, até uma tentativa libertária, doce, desencantada, evidenciando uma distinta tomada de consciência das coisas.
Pretendemos reforçar a ideia de que há uma nítida "escalada poética" nos textos deste livro. Não nos referimos a uma escalada temporal ou formal, mas a uma "escalada poética", o mesmo é dizer, a um amadurecimento, a uma contenção, a uma percepção do subtil e da imagem.
Os textos despertam-nos para mil possibilidades, ganhas e perdidas em cada nova leitura, algumas bem mais nítidas e nossas, que expomos seguidamente, sem outra preocupação de contorno: o amor, como matéria sempre feita de novo, refeita em gestos mínimos de sentimento e fusão; o Eu e Tu, colocados a par, num esforço cálido de trazer o "Nós" constantemente em nossas mãos; a sensualidade morna do Sul, de um Sul tão nosso querido, de um Sul fértil, barro bíblico e inicial, iniciático; o castelo de Beja e a sua torre de menagem colossal, símbolo vivo da força e da vontade, símbolo fálico, apontamento seguro para se viver aqui; o prazer da criação, o prazer dede gastar todas as palavras, de riscar todos os versos, de dizer e de dizer, e de deixar a planície e o vento prenhes de poesia; a emergência das suas leituras, evocação dos autores entendidos, aqueles que o fizeram sentir a alma da poesia, essa loucura silenciosa e consciente que nos põe a dizer frases que não pedimos, espécie de augúrios sibilinos; para depois, dos autores às influências, dos textos aos resíduos de uma certa formação literária, onde o Simbolismo tem corpo presente e impele ao virar da página e ao trilhar de um novo percurso promissor - o da poesia-plasma, poesia-magma, golfada poética puríssima e completa -, tocado de brilhos e melodia, originando textos inequívocos, de solidão e saudade, textos enigmáticos, de segredos, suspiros e meios suspiros, sentidos dúbios, rebeldia e um amor profundo ao belo."

(in prefácio de Efémeros Vestígios, 15/3/96)

da Dra. Margarida Fonseca (+), sobre "Pedra Polida"

"(...)
(...) através duma simbologia tão artística como singela, tão profunda como etérea, tão vasta quanto concisa, vive a Vida Verdade, como um hino marcial, em simbiose com um canto incessante, generoso, ardente de triunfo!
É um Programa nobre e belo, de consciência serena e altiva, cuja moral está mais no esforço do que no êxito, porque a grandeza é toda de abnegação e as derrotas não passarão de Fachos Olímpicos que mais a farão rebrilhar!
(...) o Homem que se propõe lutar, lançar-se com todo o seu Ser, para arrancar a Vitória, da incerteza, contendo em Si uma tal exuberância de Vitalidade que não a poderia fechar, dar-lhe limitações que a reprimissem. Sente a necessidade orgânica e espiritual de dar-se, de expandir-se, porque é tanta a Vida que irradia, tão pletórica, tão formidável que, se não a desse, se afogaria nela!...
(...)"

( in carta para o autor, datada de 22/9/80)